6.14.2011

um colchão cinzento de casal. uma cama desmontada em metal cromado. 1 tapete enrolado em tons vermelho e laranja com franjas finas e douradas. 4 cadeiras empilhadas com assento em palhinha. uma mesa redonda de madeira, com 3 pés. um sofá azul escuro de 2 lugares. livros num caixote. 1 estante para cozinha em tiras de metal forrado a plástico preto. 50 quarteirões a pé em NY rendem mais do que a Ikea!

message in a bottle



este fim-de-semana celebrou-se Portugal. um pouco por todo o lado. aqui, foi em newark. num bairro desbotado e incompleto, vive a maior comunidade portuguesa de NYC. hasteavam o orgulho lusitano. vestidos de bandeiras, t-shirts da selecção ou do Ronaldo, riscas vermelho e verde na cara. passeavam-se sorvendo baldes de sangria. sim, com tampa de plástico e palhinha. mas estas não eram verdes. até uma tatuagem da bandeira nacional se desvendava num pescoço por baixo de um cabelo apanhado. o escudo e umas letras encaracoladas.
bebemos Sagres. comeu-se bacalhau assado, à brás, à camponesa, à ibérica. sardinhas assadas. chouriço assado. azeitonas. a ementa em português não tinha um único prato sem carne ou peixe. comi salada. música pimba em stereo. dois palcos competiam nos decibéis. frangos cansados e entontecidos rodavam em grelhas sobre brasas. e de repente, naquele recinto, estava em Portugal. sem dúvida... estava em Portugal.

tuga pride!











6.13.2011

to tea or not to tea

o chá quente é óptimo. tazo. sabores para todos os gostos em saquinhos bem recheados de folhas. mas o ice-tea é feito de xarope tirado de uma garrafa. como creme hidratante. em golfadas. adicionam-lhe água, muito gelo. está pronto. doce ou não... é feito de xarope. onde é que está a parte do 'chá'? aprendi a beber chá frio no starbucks. can i have a china green tea and a cup with ice?

anjos e demónios







6.11.2011

quem nasce numa cidade com vista para o mar, para sempre fica tatuado de maresia e espuma. a água chama-nos. vive dentro de nós. eventualmente, reclama-nos. e hoje acordou-me como uma ordem. vem ver-me.

6.08.2011

Mr. Brown

portátil, ficha, carregador, rato, headphones, caderno de notas, lapiseira, lenços de papel. tirei os apetrechos da mochila. deixei-a no bengaleiro e recebi o cartão nº5. a biblioteca pública do lincoln center é um paraíso de silêncio e compostura.
quando voltei ao bengaleiro para sair, entreguei o cartão nº 5. enquanto me passava a mochila o Mr. Brown disse, here you are, miss maya. how do you know my name? it came to my mind. do i have it written somewhere? no, i it just came to my mind. did you go through my stuff?? no! of course not! we are not allowed to do that! so you have super powers! yes. one day i dreamt my brother was going to be seriously injured in the belly so i told him: don't leave the house today. but he did. and got shot in the stomach. but, did he survive? yes. he did. so where are you from? me? i'm from jamaica.

e fiquei sem saber como adivinhou o meu nome.

salad-bar








6.05.2011

entrei no supermercado para apanhar um sumo e um bagel. enganei-me. entrei num museu culinário. senti-me inebriada com a paleta das telas. espirais de maçãs em todos os tons. cubismo de cenoura, aipo, pimento e pepino lado a lado com o humus e o guacamole para um desenho suculento. torneiras de frutos secos, cristalizados, salgados, torrados, descascados, inteiros, ao natural, migados, ralados. arco-íris líquidos ordenados como soldados num luau.

lancei-me à deriva pelos corredores do supermercado. tudo era lindo de morrer. fui muitíssimo espanhola com mãos de ver. enterrei-as em cafés e chás aromáticos. provei às escondidas as piscinas de azeitonas. apalpei todos os pacotes que cruzei. e perdi-me. todas as paredes eram cor-de-laranja, todas as prateleiras tiras de aço prateado, ambos os lados em celebração. um senhor vestido com farda verde aproximou-se e perguntou, 'precisa de ajuda?'.

e c l i p s e

union square headquarters

era aqui.
agora mudei para as pontas dos pés de harlem.

6.04.2011

eat your greens!

comer em NY, é no geral, caro. uma barra de chocolate. um quilo de pêssegos. um frasco de humus. um pão. a mesma etiqueta. uma volta rápida pelas prateleiras do super. apenas de olhos semi-abertos para não cair nas infinitas tentações que os pacotes coloridos nos oferecem. quase uma fuga. $17.

deixei de cozinhar refeições em casa. de qualquer maneira nunca janto. mas é mais barato almoçar nos extensos salad-bars dos supermercados requintados, ou dos delis. uma caixinha de plástico transparente. dose diária de legumes. se for preciso, de fruta. mas apenas em urgências. gosto de saboreá-la ao pequeno-almoço (será que pequeno-almoço deixou de ter 'traço' com o novo acordo? gosto do traço).

i.

é assumido. já não se questiona. imac, ipod, ipad, iphone, itouch, ié? é. há fichas em todos os roda-pés.

t e l e - t r a n s p o r t e r
















6.01.2011

— "but it's tuesday morning, it's so crowded, what are all these people doing in the park? don't they work?", said the tourist.
— "well, a lot of them are students, many are unemployed, some people work the night shifts, there's lot of tourists... but even if the economy pulls up, it would still be this way. this is NY. a 24 hour city.", said the guy on the bench.

e é assim.

NY vive em ácido. podemos facilmente ser atropelados por outros transeuntes no passeio ou nas zebras. são zonas de guerra. talvez por isso os nova-iorquinos sorriam tão pouco. ninguém sorri na guerra. mas podemos também estar horas parados no mesmo sítio. há sempre algo para onde olhar. nem é preciso procurar. o tema encontra-nos.

hoje conheci a Hanna. uma californiana que vive em NY há 3 anos. o seu sonho foi sempre esse: viver em NY. é tudo o que esperava? sim, mas agora dá valor aos detalhes que fazem de LA a sua casa. é filha de mãe mexicana e pai italiano (born and raised in the US, though). partilhámos uma mesa numa esplanada coxa em cadeiras. eu descansava do calor vulcânico da hora de almoço, a Hanna estava no seu lunch break. nice to meet you! depois comi um gelado biológico de côco e café sentada no degrau de uma estátua, num canto do Columbus Circle. partilhei a bolacha do cone com um passarinho corajoso.

descobri também que uma máquina fotográfica é uma espécie de tele-transporte. andei 50 quarteirões sem dar por isso! (65th St all the way to Union Square). nice!

agora vou embrulhar a trouxa que amanhã mudo de morada. have a good one!

here & there

1. sand castles on times square.

2. madison square park at sunset.

3. don't ever complain about parking again!

4. yep. i was there! at lincoln square!

5. zen moment in manhattan.

6. for those who didn't watch enough TV today...

7. smiley me at the fancy shopping centre! ;-)
(had too peeeee....)

8. so, apparently, there really is a species...

9. a building size to match the name.

10. to eat here, or to go?

11. just because.