6.05.2011

entrei no supermercado para apanhar um sumo e um bagel. enganei-me. entrei num museu culinário. senti-me inebriada com a paleta das telas. espirais de maçãs em todos os tons. cubismo de cenoura, aipo, pimento e pepino lado a lado com o humus e o guacamole para um desenho suculento. torneiras de frutos secos, cristalizados, salgados, torrados, descascados, inteiros, ao natural, migados, ralados. arco-íris líquidos ordenados como soldados num luau.

lancei-me à deriva pelos corredores do supermercado. tudo era lindo de morrer. fui muitíssimo espanhola com mãos de ver. enterrei-as em cafés e chás aromáticos. provei às escondidas as piscinas de azeitonas. apalpei todos os pacotes que cruzei. e perdi-me. todas as paredes eram cor-de-laranja, todas as prateleiras tiras de aço prateado, ambos os lados em celebração. um senhor vestido com farda verde aproximou-se e perguntou, 'precisa de ajuda?'.

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